O tema de hoje, embora desprovido de propósito ou coerência, vai ser vasto e é múltiplo. Felizmente não são horas para homilias. É tempo é de silêncio. Portanto, se estiverem de acordo, em silêncio aguarde-se que a Empty Note acabe. Só então se deverá despir a blusa, quiçá tudo o resto e, cautelosamente, avançar para o que se segue.
Como se define inocência? Seduzir apenas for the fun of it? Brincar ao 'agarra lá a ver se eu deixo'? Ou, antes, o não ter noção dos danos que se podem causar com um ingénuo menear de ancas, um olhar sem querer, um sorriso de nada, uma palavra deixada cair ao de leve?
Não sei. Só sei que é bom ser inocente. Não ser por mal, não poder adivinhar as consequências, não ter nada a ver com isso, não ter maldade. É bom a gente não ser responsável pela perdição em que alguns descuidados caem. Um inocente tem sempre uma alma com não mais de quatro anos. Acima dos quatro anos já começa a haver malícia, consciência das coisas.
Não há, portanto, nada de mais perigoso do que uma mulher cuja alma não tem mais que quatro anos.
Nos homens não é bem assim. São inocentes toda a vida. São inocentes mesmo quando julgam que não são. Pensam que têm artes e malícias mas não, têm é muitas inocências. Têm é piada. O que, convenhamos, já não é mau.
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E depois há aqueles temas que se prestam ao diz-que-diz-que com subentendidos na voz, com curiosidades secretas, suposições inverbalizadas. Há gente que gosta de dizer coisas e que, nestas circunstâncias, fala em 'mitos urbanos'. A mim irritam-me os 'mitos urbanos'. Eu que tenho séculos de existência prefiro a palavra tabu. Tabu é conceito escorreito, palavra simples e foneticamente muito primária como, cá para mim, convém a tema assim.
Falo de um daqueles temas que é como se contivesse pecado. What's in a name? Diz-se 'mamilo' e logo há quem fique à espreita: rosado, pequenino, um inocente convite? escuro, impúdico? grande, indecoroso? pequenino, coisa de eterna lolita? E o que pode fazer com ele? Contemplar? Imaginar? Desejar? Não descansar enquanto não o tocar? Com a mão? Com a língua? Venha o primeiro descarado e atire um palpite.
Falo de um daqueles temas que é como se contivesse pecado. What's in a name? Diz-se 'mamilo' e logo há quem fique à espreita: rosado, pequenino, um inocente convite? escuro, impúdico? grande, indecoroso? pequenino, coisa de eterna lolita? E o que pode fazer com ele? Contemplar? Imaginar? Desejar? Não descansar enquanto não o tocar? Com a mão? Com a língua? Venha o primeiro descarado e atire um palpite.
Mas que digo eu? Em que mamilos estou eu a pensar? Nos meus? Nos de qualquer outra mulher? Ou nos mamilos dos homens, mamilos inocentes, disponíveis, oferecidos, sem mistério? Que promessas encerra o mamilo de um homem? Penso que nenhuma. Mamilo de homem é raspadinha já raspada, a gente olha e já viu tudo. E, mesmo sem ver, a gente já viu. Agora o das mulheres...
E, mesmo os das mulheres que foram operadas, podem desaparecer que não desaparece a sua memória e, se forem reconstruídos, renascerão ainda mais arrojados, mais belos, mais prometedores.
Mas atenção, mamilo é tema e petit morceau para gente fina, para connaisseur. Não pense que é o primeiro lambão que já pode sair por aí a fingir que sabe do que fala. Não, lambão não sonha sequer o que é, nunca chegou nem perto de jóia tão cheia de requinte.
E, mesmo os das mulheres que foram operadas, podem desaparecer que não desaparece a sua memória e, se forem reconstruídos, renascerão ainda mais arrojados, mais belos, mais prometedores.
Mas atenção, mamilo é tema e petit morceau para gente fina, para connaisseur. Não pense que é o primeiro lambão que já pode sair por aí a fingir que sabe do que fala. Não, lambão não sonha sequer o que é, nunca chegou nem perto de jóia tão cheia de requinte.
E depois há o resto: a graça, o impulso, o que nos leva lá, o que nos chama, o que existe sem a gente saber porquê. Dir-se-á que é a beleza. Qual quê? A pluma, a cor, o canto, a dança, o odor da hormona? Também. Mas, apesar disso, não sei, não. Penso que é outra coisa. Coisa invisível. É tão forte que atravessa mundos, é tão forte que ainda não há, nem nunca haverá, expressões que o exprimam através da matemática. É que o que não se pode transformar em equação não existe. E isto de que falo não existe. Está para além disso.
Não tem a ver com a perfeição, com a ausência de ruga, com a pele lisa, com a carnadura no lugar, com a glúteo a espreitar, com o mamilo a arrebitar, com o olhar a desafiar, com a palavra a convidar. Não tem a ver. Encerra saudade, encerra vontade de abraçar, encerra vontade de imaginar infinitudes, encerra vontade de descobrir descrição ou razão. Mas não é só isso. Talvez também empatias inexplicáveis, atracções irresistíveis, jogo de espelhos, mãos que se estendem mas só em pensamento. Vontade de comer. De devorar.
E que se disfarçam de brincadeiras, de desencontros. Inocentes. Imateriais. Inexistentes.
(E solte-se aqui, se faz favor, um conveniente risinho malandro)
Não tem a ver com a perfeição, com a ausência de ruga, com a pele lisa, com a carnadura no lugar, com a glúteo a espreitar, com o mamilo a arrebitar, com o olhar a desafiar, com a palavra a convidar. Não tem a ver. Encerra saudade, encerra vontade de abraçar, encerra vontade de imaginar infinitudes, encerra vontade de descobrir descrição ou razão. Mas não é só isso. Talvez também empatias inexplicáveis, atracções irresistíveis, jogo de espelhos, mãos que se estendem mas só em pensamento. Vontade de comer. De devorar.
E que se disfarçam de brincadeiras, de desencontros. Inocentes. Imateriais. Inexistentes.
(E solte-se aqui, se faz favor, um conveniente risinho malandro)
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E mais nada. Ainda hei-de falar de uma árvore magnífica que o homem da biblioteca secreta plantou. Mas isso só mais tarde, agora ainda não. Até porque ainda não descobri o nome dela.
As fotografias são, de novo, de Eylül Aslan e provavelmente estão aqui por conta delas, não por mim, não pelo texto. Ou, então, a mom seul désir.
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